Caruanas Jandiá e Jacundá e o controle das Chaves do Mar
Antes de contar a história das energias-irmãs Jandiá e Jacundá, gostaria de agradecer a rio Maurício Façanha, CEO do restaurante Ver-o-Açaí, porque a partir desta segunda (17) as crianças que forem ao restaurante acompanhadas dos pais poderão ganhar uma revistinha superinteressante, divertida e didática que vai valorizar mais ainda a nossa cultura amazônica. E quem estiver disposto a ajudar poderá contribuir com a Instituição Caruanas do Marajó através do Pix do instituto. O meu coração é só gratidão! Oh, glória! Essa ação está dentro da programação dos meus 90 anos que estão chegando. Presente maravilhoso que recebo com enorme gratidão!
E agora voltando para as histórias dos Caruanas vamos conhecer as energias-irmãs Jandiá e Jacundá. Na concepção de mundo da Encantaria tudo é energia e tudo está interligado no ciclo permanente da vida. Os índios marajoaras cultuavam essas energias, a quem chamavam de Caruanas, as energias viventes sob as águas ou as energias do fundo.
Os Caruanas manifestam-se nos pajés, que receberam da Mãe Natureza o dom e a missão de perceber esse mundo místico para se tornarem um instrumento de auxílio aos viventes. Nessa concepção há também energias poderosíssimas e antigas, que não podem ser evocadas pelos pajés, mas são fundamentais para que outras forças se manifestem na proteção aos viventes.
Os Caruanas Jandiá e Jacundá são duas dessas energias primordiais. Surgiram da própria Natureza e são tão antigas quanto o mundo em que vivemos. Nadando em luz na oscilação das ondas do mar, estes Caruanas controlam as correntezas marinhas para que não se misturem e não causem desequilíbrio no mundo marinho.
São energias brandas e suaves como as espumas do mar e ocupam um dos degraus de evolução mais importantes da Escadinha de Coral. Por essa razão foram escolhidos pelo Patu-Anu, o Grande Pai, para ter o controle das Chaves do Mar.
Elas têm a missão de abrir e fechar o Portal do mundo encantado, que permite aos Caruanas fluírem nas correntezas suaves e na Linha d'Água para chegarem neste mundo e auxiliar os viventes durante a pajelança.
Na passagem pelo grande Portal do mundo encantado, as energias que ali atravessam são observadas pela energia do grande Gavião de Olhos de Brilhantes e Bico de Marfim. Ele auxilia Jandiá e Jacundá, evitando que qualquer energia impura ou em desequilíbrio atravesse o Portal.
Jandiá e Jacundá são energias-irmãs e poderosas que o pajé não evoca mais. Por isso, durante a pajelança, outro Caruana canta uma doutrina para saudá-los e agradecê-los por sua nobre missão.
Para obter a proteção destes Caruanas deve-se usar duas conchas brancas bem pequenas em um colar no pescoço. Uma vez por semana as conchas fazem a influência das energias de Jandiá e Jacundá fluírem livremente no corpo do vivente. Esta é a história e a importância dessas energias no equilíbrio da natureza. Tenham todos um excelente domingo!
Zeneida Lima é pajé, escritora. compositora, educadora e ambientalista.