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A escola-bosque

A escola-bosque

O projeto de uma escola no meio da floresta nasceu de um sonho de Zeneida, presidente-fundadora da Instituição Caruanas do Marajó. A instituição foi fundada pela Pajé juntamente com a escritora Rachel de Queiroz,  em 21 de julho de 1999. Zeneida diz que a principal motivação desse projeto sempre foi ajudar ao próximo, preservar a natureza e estabelecer uma relação respeitosa entre homem e meio-ambiente.

Em 2003, a instituição tornou-se uma ONG e criou a Escola de Ensino Fundamental Zeneida Lima de Araújo, dando às crianças das comunidades carentes de Marajó uma nova perspectiva de futuro, retirando-as de situações de risco e criando uma relação de amizade com a natureza. Eu acredito que ensinar a cuidar do nosso planeta é o primeiro passo para o desenvolvimento de um cidadão, defende a pajé educadora.

A escola bosque, como é conhecida, atende 260 crianças, entre 3 e 16 anos. Eles são tratados como filhos da gente. Eu morro por essas crianças. Mesmo tendo cozinheira, uma vez ou outra, eu faço uma comidinha diferente, eles adoram o meu vatapá e o mingau de coco, relata. Entre as atividades escolares, estão aulas de carimbó e lundu, danças típicas de Marajó; há também aulas de informática, música, capoeira e artes, onde as crianças trabalham com cerâmica e resgatam o tradicional artesanato marajoara.

Com o apoio da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), os professores da escola bosque foram capacitados com o Projeto Uerê-Mello, um método inovador que aproxima o educador do aluno e estimula o aprendizado. Quando a criança chega na sala de aula ela é abraçada pela professora. Assim nós resgatamos as que têm problemas de aprendizagem por conta da violência, explica Josileide de Lima Neves, diretora da escola e neta de Dona Zeneida.
Como próximo projeto, está a criação de uma cooperativa para pais e mães de alunos com o intuito de promover a geração de emprego e renda para a população carente de Marajó. Além de oferecer aos participantes aulas de cerâmica e costura, o projeto visa aproximar os pais e a comunidade da escola, dando espaço para conversas e possibilidade de novos ofícios. A construção do Museu dos Caruanas também está nos planos de Dona Zeneida. O museu vai abrigar todos os utensílios e objetos utilizados nas cerimônias de pajelança, como a flecha e o arco sagrados; maracás usados nas danças de cura para afastar as energias negativas; cumbucas, cuias, entre outros objetos deixados pelos índios que habitaram Marajó, explica. O empreendimento será construído nas localidades da instituição e tem ainda o propósito de incentivar o turismo paraense.

Aos 80 anos, Dona Zeneida está em plena atividade e afirma que o seu trabalho é o que lhe dá forças pra viver: a nossa meta é garantir seres humanos melhores pra esse mundo. Lutar pelas águas do nosso planeta e preparar jovens conscientes da importância de preservar a natureza, isso é o que me faz feliz.