Zeneida Lima alerta no Senado que é preciso salvar a Amazônia

Zeneida Lima alerta no Senado que é preciso salvar a Amazônia

'A Amazônia está morrendo e, com ela, estamos indo todos. É necessário dar um grito de socorro. Só assim salvaremos a natureza e toda a humanidade'. Com esse recado, dado pela pajé Zeneida Lima, da Ilha do Marajó, foi aberta ontem, ao fim da sessão deliberativa do Senado, a vigília pela preservação da Amazônia.

Das 18h30 até as 6h de hoje, artistas, parlamentares, ambientalistas e representantes da sociedade civil dividiram a tribuna do Senado Federal para manifestar apoio ao movimento em defesa da floresta amazônica.

As discussões giraram em torno de análise das políticas públicas para a região e das iniciativas legislativas em tramitação no Congresso. Além disso, também foram apresentadas estratégias da conservação da Amazônia e sua implicação para a regulação do clima e para a economia em escalas nacional e global.

A idéia da vigília nasceu da inquietação dos atores da Rede Globo durante as gravações da série Amazônia, em janeiro de 2007. 'No período em que estávamos gravando, nos demos conta do descaso que vive a Amazônia, com produção apenas de pobreza, miséria e destruição, sem nenhuma vantagem para o País, nem mesmo para mesmo para as comunidades locais', explicou a atriz Christiane Torloni, que encabeça o movimento 'Amazônia para Sempre'. Da época da gravação até ontem, os artistas conseguiram recolher mais de um 1,1 milhão assinaturas de brasileiros que cobram providências mais enérgicas do governo federal em relação à floresta. A montanha de papel não foi recebida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e por essa razão senadores, sobretudo os ligados a questões ambientalistas, trouxeram a discussão para a Casa através desse evento.

No início da solenidade, em vez do Hino Nacional, conforme recomenda o cerimonial, foi interpretada a canção 'Funeral da Natureza' pela pajé Zenaide Lima. Ao mesmo tempo, foi exposto o montante de assinaturas no centro do plenário.

Os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), fizeram em seguida os discursos de abertura. Os dois mencionaram a música inicial, afirmando no sentido de que a devastação da Amazônia reflete diretamente no 'funeral da humanidade'. Participaram da mesa diretora da solenidade ainda os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc; de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger; e a presidente da Comissão Permanente sobre Mudanças Climáticas, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), entre outros.

O ator Victor Fasano leu no plenário o 'Manifesto dos Artistas', escrito pelo ator Juca de Oliveira. Em seguida, os atores entregaram aos presidentes das duas casas as adesões e um documento que descreve os nove projetos de lei prioritários de proteção ao meio ambiente, que estão engavetados há muitos anos. O documento defende ainda a derrubada de 32 projetos que tramitam no Congresso e criam brechas para a destruição da floresta. O mesmo ritual de entrega deve ser repetido no dia 4 de junho, desta vez ao presidente Lula.

'Será uma audiência muito discreta. Ele pediu para não levarmos esse carrinho cheio de papéis. Mas o recado será dado, de que esse rio Amazonas de dinheiro que sangra o Brasil deve ser colocado em serviço de reflorestamento, de fiscalização, de reaparelhamento das forças armadas. É isso que o brasileiro quer. Ele não quer pagar menos tributo. Ele só não quer que o seu dinheiro vá para a cueca de ninguém', assinalou Torloni.